Por Juliano Jubão
Só reverteremos a nossa posição de oposição para situação com muito trabalho organizado.
Acho que desde que comecei a militar pela música (e olha que isso foi a mais de 10 anos atrás), eu repito a mesma frase:
Se você não frequenta o show dos outros, como espera que os outros frequentem seu show?
Claro que tem a tal resposta de que não precisamos frequentar shows que não gostamos.
Mas aí entra a posição de que não podemos tratar mais a música somente como música, somente como arte. Precisamos sim de ser músicos politizados. Se realmente quisermos revolucionar a cena e abrir espaços, teremos de fazer de forma organizada, ou então a situação sempre será a mesma, um monte de gente disputando as migalhas das quartas feiras.
O primeiro fator que faz com que as casas não abram seus espaços pra música autoral é o público. Não adianta falar que os donos de casas são uns capitalistas, os caras, assim como nós, precisam sobreviver. Assim como o pessoal que toca música cover. Acho que temos de ver esses caras com outros olhos, radicalismo não leva a nada. Se um dia eu souber que tem uma banda fazendo cover de uma música minha, eu ficaria mega lisongeado.
No início do Pegada, a gente estava fazendo isso: o Stereotaxico
www.myspace.com/stereotaxico tocou Cla Clá da Aldan www.myspace.com/bandaaldan, o As Horas tocou Ferris Whell da Hell's Kitchen, a Hell's tocou Velho Buk do De Kits http://www.myspace.com/dekits .
Enfim, tem gente que toca cover porque tem o mercado aberto (todos precisamos pagar as contas) e tem gente que o faz porque gosta (esses sim são o maior problema pra mim, pois a grande maioria é formada por pessoas que não querem chegar a lugar nenhum, tocam somente pelo prazer de tocar).
Então temos a seguinte situação: O jazz tem seu reduto, o cover também. Temos também nossos redutos: Matriz e quartas feiras de Obra, Butecando, Conservatório entre outros. O fato é que nossos redutos não comportam mais a quantidade de bandas. Temos hoje mais bandas que público. Voltando a velha frase: se todo mundo fosse no show de todo mundo, todo mundo teria público. Somos todos interdependentes nesse mercado.
Temos de começar a trabalhar propostas pra que o mercado seja interessante para o autoral. Reclamar não muda nada, só aumenta a insatisfação.
Já começamos aqui a produzir conteúdo através de nossas discussões; agora, como vamos produzir público pra que esse mercado fique mais atraente pra casas e pra bandas?
Nosso problema não é ter bandas covers tirando nosso espaço. Na verdade, o espaço sempre foi deles, foi construído assim, e somos nós que queremos tirá-los de lá! Acho que é meio xiita ou xenofóbico acreditar que esse é o motivo da música autoral não vingar. Nós não vingamos porque talvez, nossas estratégias estejam erradas.
Claro que pra definirmos estratégias temos primeiro que definir o conceito, e pelo visto ainda estamos longe de alcançá-lo...
Depois do conceito, precisamos ainda de pesquisas, números e tudo mais. Temos de traçar o perfil do público, saber os valores arrecadados, dentre outros. Já disse isso antes, mas conhecer o problema é metade da solução (talvez mais da metade), aí pergunto:
Qual é o problema?
Ao analisar certos discursos, os problemas que encontro são:
-Os covers estão tirando nosso espaço.
-Não temos espaços pra tocar.
E algumas outras ligadas a espaço. Mas o fato é que se tivéssemos mais espaços, a situação talvez não estivesse tão melhor.
Pra mim o problema é: Não temos público.
E pra vocês?
Juliano Jubão
http://myspace.com/bandacurved
http://coletivopegada.org/
http://coletivochadefita.blogspot.com/
http://eudigosim.com.br/
Fica aí a pergunta do nosso amigo Juliano Jubão! Quem quiser, responda. Legal sabermos o que as pessoas pensam sobre esse tipo de assunto.
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